Uma paisagem marcada por fragmentos pequenos, cercados por monoculturas, define o cenário atual no sudoeste de Goiás. Entre as principais lacunas de conhecimento nesta região, destaca-se aquela relacionada aos peixes de riachos. Por exemplo, não se sabe quais ou quantas espécies de peixes ocorrem nos riachos que são circundados pelas plantações. Portanto, diante desse desconhecido, mergulhamos em uma missão para explorar a diversidade de espécies e compreender a relevância desses peixes, numa das áreas mais impactadas do Cerrado goiano.
A pesquisa, além de catalogar as espécies de peixes, também coleta informações relacionadas as variáveis ambientais locais (p.ex. temperatura, pH, condutividade) e de uso do solo. O estudo visa preencher as lacunas no conhecimento sobre a ictiofauna regional e investigar como as mudanças ambientais influenciam a diversidade de peixes em diferentes escalas.
Os resultados obtidos até agora revelam uma história fascinante sobre a resiliência e adaptação dessas criaturas, ao mesmo tempo em que destacam a necessidade de medidas de conservação. Os dados ainda estão sendo triados e analisados. Mas para dar um “spoiler” já foram encontradas espécies de pelo menos 11 diferentes famílias: Characidae, Cichlidae, Gymnotidae, Erythrinidae, Rivulidae, Poeciliidae, Callichthyidae, Pimelodidae, Loricariidae, Synbranchidae, Crenuchidae.
Apesar de preliminares, os resultados da pesquisa apontam a capacidade de adaptação que esses animais possuem, mas também sublinham a fragilidade dos ecossistemas aquáticos diante das intervenções humanas. O trabalho realizado no âmbito do PELD EBMN, além de preencher lacuna de conhecimento sobre as espécies, fornecerá dados essenciais para o desenvolvimento de práticas de manejo sustentável e conservação dos cursos d’água.
Cada pequena descoberta, cada segredo desvendado, serve como um lembrete de que mesmo as menores criaturas e os esforços aparentemente modestos podem ter um impacto profundo no entendimento e na conservação de nosso mundo.